Por Sofia Mayer, g1 SC


Jararaca encontrada na Ilha da Moela, no Guarujá — Foto: Marcelo Ribeiro Duarte/Pesquisador

A jararaca é uma cobra venenosa do gênero Bothrops presente em todo o território nacional, segundo o biólogo Tobias Kunz, especializado no estudo de répteis.

Ele explica que há mais de 30 espécies do gênero Bothrops espalhadas no Brasil que podem ser chamadas genericamente de jararaca. Em cada região ou bioma, há diferentes espécies.

A mais comum é a Bothrops jararaca, que costuma ocorrer em ambientes florestais e tem ampla distribuição em Santa Catarina. É endêmica na Mata Atlântica.

"Outras espécies, como a Bothrops alternatus, mais conhecida como urutu, ou cruzeira, ocorrem em áreas de campo naturais do estado. A Bothrops cotiara é endêmica de florestas com araucárias", explica.

O Instituto Butantan destaca que as jararacas possuem desenhos em forma de ferradura na lateral do corpo, com cores geralmente mais escuras que no restante do corpo.

As fêmeas da espécie costumam ser maiores que os machos. A espécie é uma das principais responsáveis por acidentes com picadas no Brasil, correspondendo a cerca de 90% dos atendimentos provenientes de serpentes peçonhentas.

"No estado de Santa Catarina, considerando todos os acidentes envolvendo serpentes, incluindo não peçonhentas, são responsáveis por pouco mais de 80%, sendo que destes, apenas a jararaca comum [Bothrops jararaca] é responsável por 74% dos acidentes, por ser a espécie mais abundante e bem distribuída pelo estado", completa Kunz.

O especialista ressalta que elas também se diferenciam pela fosseta loreal, que é uma abertura entre os olhos e narinas. Apesar do perigo, o veneno da jararaca pode causar mais ou menos danos em função da quantidade injetada.

"Sua ação e efeitos são influenciados por vários fatores, como a quantidade injetada e sensibilidade da pessoa. Mas em geral, são considerados venenos menos potentes que o de cobras corais e cascavéis, que apresentam ação neurotóxica e podem causar paradas cardíacas e respiratória e, portanto, evoluir para quadros de maior gravidade mais rapidamente em relação aos acidentes envolvendo espécies do gênero Bothrops", esclarece.

Jararaca capturada em Jaraguá do Sul — Foto: Fujama/Reprodução

Na noite de sábado (31), uma jararaca precisou ser resgatada de uma residência de Mafra, no Norte catarinense. Segundo os bombeiros, o veneno da jararaca pode provocar lesões no local da mordida, como hemorragia e necrose dos membros afetados.

O que fazer em caso de picada?

  • Caso seja picado por uma cobra, não se deve amarrar o local. Segundo o biólogo Christian Lempek, o torniquete pode aumentar o risco de necrosar o local e resultar até em amputação;
  • não se deve cortar o local, fazer perfurações ou sucção;
  • o local da picada deve ser lavado com água e sabão;
  • a vítima deve ser levada o mais rápido possível ao hospital;
  • é importante tentar identificar a serpente (pode ser por foto, se possível) pois isso facilitará para escolha do soro antiofídico a ser aplicado.

Onde ligar

  • Entre em contato com os Bombeiros (193) ou com a Polícia Ambiental da sua cidade (190);
  • Em caso de acidente com serpente, entre em contato com o Samu (192), os Bombeiros (193) ou se dirija ao hospital público mais próximo;
  • Em caso de dúvidas ou orientações sobre procedimentos de primeiros socorros, ligue para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC), pelo telefone: 0800 643 5252.

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