Saúde Ciência

Jararaca virgem dá à luz filhote no Refúgio Biológico de Itaipu

Animal vive sozinho em cativeiro desde o início de 2012; suspeita é de paternogênese, quando embrião se desenvolve do óvulo, sem fecundação

Jararaca mãe: 14 ovos, apenas um eclodiu
Foto: Divulgação 20/01/14
Jararaca mãe: 14 ovos, apenas um eclodiu Foto: Divulgação 20/01/14

RIO - Uma jararaca se reproduziu no dia 2 de fevereiro, no Refúgio Biológico Bela Vista de Itaipu (RBV), mesmo sem ter contato com machos da espécie. O animal vive sozinho em cativeiro desde o início de 2012 e, como a gestação é de cerca de quatro meses, a possibilidade de fecundação por espermatozoide é quase nula, segundo o médico veterinário do refúgio, Wanderlei de Moraes.

- É um fato raro, mas pelas condições de isolamento, temos a suspeita de paternogênese (desenvolvimento do embrião apenas do óvulo, sem ação do gameta masculino)”, disse Moraes, que citou a ocorrência de um parto semelhante em Campinas (SP): - Não é um acontecimento inédito em cativeiro, porém é incomum - afirmou.

O filhote da jararaca foi descoberto pelos tratadores e guias turísticos. A mãe, com cerca de um metro de comprimento, vive em um recinto isolado por um vidro, no serpentário do RBV, aberto à visitação pública.

Depois de encontrado no ninho, o recém-nascido, que mede cerca de 30 centímetros, foi separado da mãe.

A jararaca colocou 14 ovos, mas apenas um eclodiu.

- O fato de ter nascido somente um filhote do total de 14 ovos aponta que ou teve falha na fecundação, se ela conseguiu reter espermatozoides por tanto tempo, poucos sobreviveram ou que realmente ocorreu a partenogênese e por isso só nasceu um filhote, supondo que os que os outros ovos não foram fecundados - explicou o veterinário.

O nascimento do “parto virgem” é relatado em alguns animais, especialmente invertebrados. Em vertebrados, a ocorrência é mais incomum, embora já relatada em galinhas, lagartos e pássaros. No caso das cobras, a paternogênese pode ocorrer, embora a regra seja a reprodução sexual, com macho e fêmea. O plantel de serpentes do Refúgio dispõe de outra cobra, uma cascavel (Crotalus durissu).