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Retrato: Jararaca, fonte de vida

Foto: Ivo Kindel

Uma serpente presente no PEI, em toda a Mata Atlântica e no Cerrado, a Bothrops jararaca é um réptil que possui uma história maravilhosa. Importante para o ecossistema da Mata Atlântica e marcante para farmacologia brasileira. Isso porque as enzimas do seu veneno agem sobre as proteínas do sangue humano, liberando uma substância chamada bradicinina, que hoje é largamente utilizada em medicamentos para o controle da hipertensão arterial.

Essa descoberta foi feita em 1949 pelo farmacologista Maurício Oscar da Rocha e Silva e por seu aluno Sérgio Ferreira. A bradicinina representou melhora radical na expectativa e qualidade de vida de hipertensos, especialmente quanto a restrições dietéticas. Trata-se de um potente vasodilatador empregado desde a década de 70, o que permitiu a produção de mais de 20 remédios para a pressão alta.

A jararaca possui hábitos predominantemente terrestres, podendo apresentar hábitos arborícolas. O grau de locomoção da jararaca é baixo, pois se movimenta pouco sobre o espaço. Possui atividade mais intensa na estação chuvosa e de ação crepuscular e noturna.

Cobra jararaca (Bothrops jararaca) no Instituto Butantan, São Paulo Mauricio Lima/AFP/VEJA/VEJA

Os exemplares juvenis de jararaca têm a dieta composta principalmente de anfíbios anuros (sapos, rãs, pererecas e carrascos), enquanto os adultos alimentam-se basicamente de roedores e ocasionalmente de lagartos. As serpentes juvenis fazem uso de sua cauda de cor amarela clara para atrair suas presas em potencial, enquanto que as adultas utilizam a tática do bote para caçar. As fêmeas são vivíparas, produzindo cerca de 12 a 18 filhotes por vez e os nascimentos ocorrem na estação das chuvas.

As Bothrops jararaca causam grande parte dos acidentes ofídicos no Brasil. A serpente possui dois dentes inoculadores de veneno (dentição solenóglifa), retráteis, localizados na parte anterior do maxilar superior. Os dentes são projetados para fora, durante o ataque, agravando muito as consequências da picada. Seu veneno é muito potente e causa muita dor e edema no local da picada, podendo haver sangramento também nas gengivas ou em outros ferimentos preexistentes. Contra estes efeitos, o antídoto correto é o soro antibotrópico, específico para picadas de jararacas. Como medida preventiva, ao entrar em uma mata, deve-se sempre calçar botas, tomando cuidado ao aproximar as mãos e o próprio rosto do chão.

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