Em 1993, foi possível recuperar o maior menir da Península Ibérica, com 7,52 metros de altura e um peso a rondar 18 toneladas. O menir da Meada dista doze quilómetros para norte de Castelo de Vide. As duas porções foram unidas e o menir reimplantado no seu alvéolo original. Durante os trabalhos de valorização do monumento, recolheram-se carvões no interior da fossa de implantação, junto da sua base, que, submetidos a datação por radiocarbono e depois de calibrados, revelaram que este menirfoi erguido entre 4810 e 5010 antes de Cristo. Trata-se assim do menir mais antigo até agora datado em todo o mundo, erguido quase dois mil anos antes dos grandes dólmenes. Se dúvidas houvesse quanto à veracidade desta datação, os resultados obtidos para carvões recolhidos, em 2016, em idêntica situação, no Menir do Patalou, mais recente cerca de 500 anos e situado a cerca de 12km de distância deste, perto de Nisa, confirmaram que, no início do sexto milénio antes de Cristo, as primeiras comunidades que nesta zona se começavam a sedentarzar talhara e decoraram enormes blocos de granito, com forma fálica, e ergueram-nos em suaves encostas viradas a leste.

Há sete mil anos alguma crença fortemente enraizada entre as primeiras comunidades agropastoris que viviam na falda norte da serra de São Mamede e que ensaiavam a domesticação da terra e dos animais levou-as, com um esforço tremendo, a arrancar enormes blocos de pedra, a talhá-los com forma fálica, a transportá-los e a erguê-los nas encostas que espreitam o nascer do Sol.

Este ritual encontra-se provavelmente relacionado com algum mito que as primeiras comunidades neolíticas desenvolveram e através do qual procurariam estimular a fecundidade da terra.

Com técnicas agrícolas muito rudimentares e  desconhecendo o pousio dos campos, os homens neolíticos rapidamente esgotariam a capacidade regenerativa dos solos que cultivavam.

Cada vez mais dependentes do que a terra lhes dava e reconhecendo que, sementeira após sementeira, a terra era cada vez menos generosa terão procurado, através da erecção de grandes falos de pedra, ou de madeira, entretanto desaparecidos, estimular a capacidade reprodutiva da terra-mãe. Esta crença terá perdurado cerca de dois mil anos.

A partir de meados do quarto milénio antes de Cristo, reconhecemos a contínua destruição de muitos menires e assistimos à sua recorrente reutilização, tanto inteiros como fracturados, nas estruturas dolménicas, perdendo, na maior parte dos casos, toda a carga simbólica com que foram talhados e erguidos. A sua recuada disfuncionalidade e descontextualização contribuiu para que muito raramente se tenham mantido erectos e in situ e tão problemática continue a ser hoje a sua identificação e interpretação.

Por tudo isto, mas especialmente pelas suas dimensões e antiguidade, o Menir da Meada, classificado como Monumento Nacional desde 2013, é um testemunho único da eterna luta do homem para domesticar a natureza.

Menir da Meada